Aumento do uso de substâncias psicoativas na Pandemia

Estamos abertos a saber mais de você, como o cenário atual pode estar influenciando na frequência do seu consumo? E qual o seu sentimento frente a isto?. Defendemos que expressar-se é um fator extremamente positivo para a reabilitação. Sinta-se a vontade.

Parece que serei o primeiro a participar? Sinto que a cada dia que passa e escuto todas as notícias ruins, a única coisa que me relaxa é tomar uma cervejinha, não acho que eu seja dependente, só que tô tomando sempre e cada vez mais, nem sei o porque que eu tô aqui.

Eu bebia socialmente antes da pandemia. Sempre fui muito caseiro, então o isolamento no início não me afetou muito. Meu problema começou mesmo quando o meu pai morreu de Covid em outubro do ano passado. Sempre fui muito apegado a ele e ver ele morrer foi um baque muito difícil de aguentar. Desde então, tenho tido muitos problemas com a bebida. Minha produtividade simplesmente despencou e eu não tenho mais motivação para nada. Tenho a sorte de pelo menos não ter perdido o emprego (que é a única coisa que tenho agora). Bom, parabéns pela iniciativa do site. É bom ter um lugar para desabafar (especialmente um lugar anônimo, é mais fácil de colocar o sentimento pra fora assim).

Bom, eu tenho uma amiga que é estudante de Biomedicina, Hanna(nome fictício), que foi um alvo disto. Apesar de ser organizada, estudiosa, concentrada e competente com tudo que se responsabiliza, esse isolamento social desestabilizou muito ela, como também a milhões de outros estudantes e a mim também. Caminhar não fazia mais parte da rotina dela, estudar diariamente ela nem sabia mais o que era. E outras demais coisas, tudo a tirava do foco e concentração em que ela precisava.

Com isso, ela resolve procurar meios para ela melhorar seu rendimento e postura. E acaba descobrindo a utilidade algumas substâncias psicoativas (o que não é nada recomendando )que, por sua vez, acabou ajudando positivamente temporariamente com seus objetivos diários, seja de obrigações diárias, seja de estudos.

Só que isto acabou passando dos limites e ela começou a ter diversos efeitos colaterais diante do uso exagerado. Certo dia, ela me ligou e eu acabei descobrindo tudo isto. Como já conhecia a página @gausp_ acabei apresentado-a e vejo que nessas três semanas ela tem melhorado muito e deixado de lado esse risco que ela estava causando a saúde dela. Aaah, lembrando que o primeiro post que ela viu e leu foi falando dos malefícios do uso de psicoativos. Enfim, parabéns pelo conteúdo e por esse fórum maravilhoso !!!

Antes das minhas fugas e viagem com o uso das "drogas" que minha antiga eu, chamaria de "unica razão do meu viver". Aos 13 anos, vivi coisas horrendas na minha vida, como um abuso sexual, que fizeram viver como um personagem, por causa da vergonha, culpa e medo. Me aperfeiçoei em viver mentiras, a usar máscaras e máscaras para acharem que tava tudo bem e não me encherem o saco. Por muito tempo me destaquei como uma aluna nota 10, que me garantia a admiração e aceitação social, mas o egocentrismo crescente me dizia que deveria controlar tudo a minha volta. Isso foi o meu maior algoz enquanto o uso das drogas tomava espaço das coisas importantes em minha vida começando com as clássicas, álcool, cigarro e maconha, até chegar em umas mais pesadas, como a cocaína e heroína.
Seguindo na minha existência, estudando para vestibulares, passei e iniciei um curso de enfermagem, logo depois me emancipei, casei com um monstro abusivo e agressivo acabei sendo mãe aos 21 anos quando ainda estava no terceiro ano da faculdade. Engravidei novamente e meu segundo filho nunca nasceu por causa do uso descontrolado de cocaína, ácido e MDMA. Me formei, me separei e frequentemente abandonava minha filha aos cuidados dos meus pais quando a compulsão tomava conta de todos os meus pensamentos, vontades e atitudes. Estava falida. Seguindo na minha vida de merda, não queria que minha filha me olhasse daquela maneira, não queria nem me olhar no espelho, mas quem era eu, debaixo de tantas máscaras, estava perdendo a minha identidade. Foi aí que começaram os primeiros sintomas psicóticos eram eles as alucinações auditivas, não conseguia dormir, tentava e tentava parar com a cocaína porém quando cortava seu uso as recaídas eram extremas, cicatrizes? Muitas tenho em meu corpo desnutrido e cada uma por mais ridícula que pareça tem uma tentativa de força e ao mesmo tempo de uma derrota. Abusava exacerbadamente da coca e pouco a pouco migrava para a heroína, mas essa sensação de não poder me controlar era corrosiva demais por dentro, até que eu tentei sair dessa pra uma melhor, mas não deu certo, apenas acordei numa UTI com vários médicos e esquipamentos me monitorando, lembro da minha mãe e minha filha que na época tinha 5 anos de idade, ambas chorando em cima de meu colo, essa imagem me quebrou chegando com um puta choque de realidade de que eu tinha que mudar de vida ou eu tinha que mudar de vida, comecei a frequentar os AA(alcoólicos anônimos) para me abrir e ver que não estava sozinha, seguramente entrei numa clínica de reabilitação e venho até hoje na mesma, finalmente consegui parar com a cocaína e maconha, hj em dia com essa pandemia estava apenas no cigarro, mas desde a pandemia venho tomando álcool, vejo como o de menos por tudo que passei. Permaneço na clínica atualmente, não como uma dependente química e sim como uma sócia sempre procurando e tentando ajudar com meu conhecimento da enfermagem em trabalho voluntário. Minha vida atualmente é ótima, juntei uma graninha, comprei a casa dos meus sonhos, meu carro. Minha filha é muito feliz e eu estou mais segura do que nunca, pois sou um exemplo para minha pequena e procuro sempre ajudar pessoas que estavam na mesma condição que passei.